Tem momentos na vida da gente que são poesia. É poesia que emociona, leva lágrimas aos olhos, faz cantar a alma. Era essa poesia que eu buscava para escrever neste espaço enquanto estava na loja da minha mãe, quando um menino mirradinho chega na porta.
- Tia, quer comprar alho?
- Não, querido, não tô precisando.
- Mas tia...eu não vendi nada hoje... pra me ajudar - diz ele, com os olhos marejados.
Um lampejo me traz pros meus alunos com todos os sonhos do mundo e imediatamente quis pescar o brilho dos seus olhos.
- Eu tenho algumas moedas aqui... Qual teu nome?
- Daniel.
- Eu me chamo Ana. Tu estuda, Daniel?
- Aham. No CAIC da Fátima.
- E que série tu tá?
- Na segunda. E tô com oito, né...
Eu alcanço as moedinhas na mão pequena do Daniel e escuto:
- Muito obrigada, Ana.
- Prazer te conhecer, Daniel.
- Tchau.
-Tchau, tudo de bom.
Ele se vai correndo, eu volto pro computador e correm lágrimas ao me lembrar dos olhos do Daniel. Eu deveria ter falado mais, feito mais, mas.... No fim da nossa conversa, ele deu um sorriso. Ou melhor, uma poesia. A poesia dum verso que diz "ser gente é movimentar sonhos de criança."
sexta-feira, 23 de novembro de 2007
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2 comentários:
Esse nosso mundo não é lugar pra crianças...
Belo texto, bela poesia, Ana.
bj.
ééé!
tem coisas que acontecem pra virar poesia, mesmo que triste.
Bjus
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