Acordou, banhou-se, colocou um vestido florido para aquela sexta feira de primavera, preparou um café forte, um pão francês com Nutella e preocupou-se com as calorias...
[abriu o jornal e se deparou com a manchete trágica envolvendo um antigo amor]
...escovou os dentes, pegou a bolsa, verificou se o celular estava com bateria suficiente pra aguentar o dia, que apesar de ser uma sexta feira, tinha previsão de ser intenso...
[atendeu ao primeiro telefonema do dia. “-Estou sabendo.”]
...entrou no carro, ligou o rádio e procurou uma estação que estivesse tocando uma música bem dançante. Cantou junto. Teve vontade dançar. Trocou de sintonia pra ouvir a previsão do tempo a fim de que chuva nenhuma estragasse a viagem do final de semana.
[No rádio, o locutor relata um acidente e o fim de uma vida tão jovem.]
Deu bom dia aos colegas, trabalhou, almoçou, trabalhou mais um pouquinho e voltou pra casa pra arrumar as malas, já que viajaria na manhã seguinte. Dormiu. Sonhou que estava fazendo compras em Paris... ahh, Paris!!!
Acordou, banhou-se, colocou um vestido florido para aquela sábado de primavera, preparou um café forte, um pão francês com Nutella e preocupou-se com as calorias, escovou os dentes, pegou as malas, abriu o porta-malas do carro e viu o jornal do dia anterior e percebeu...
[a inércia que a notícia tinha causado e chorou... chorou... soluçou... chorou...chorou mais ainda ao sentir que as lágrimas eram as mais egoístas já roladas em algum rosto. Descobrira que nunca tinha amado de verdade.]
... que a previsão do tempo estava certa: tinha sol. Entrou no carro, ligou o rádio e procurou uma estação que estivesse tocando uma música bem dançante. Cantou junto. Teve vontade dançar.
Um comentário:
Mestre!
=
Pode parecer cruel.
Mas isso é humano...
Pitadas (pequenas, não exageremos!) de egoísmo (ou indiferença) são necessárias, de certa forma, para a existência de um estado de felicidade.
Quando estamos cientes de tudo é tudo tão sem sentido.
Ou não.
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