- Por que atracar no porto quando as águas estão tranquilas? O porto pode ter sido segura e confortável morada nos dias de mar turbulento, quando não se podia ir a muito longe e ainda havia o que se cumprir em terra. Quando, porém, as águas finalmente se oferecem plácidas e francas, torna-se muito mais atraente ao barco conhecer novos mares, explorar estuários e navegar livre, sem âncoras ou correntes que lhe prendam, mesmo que o próprio barco, por conveniência, outrora, tenha tomado tais decisões quando as águas eram revoltas e as tarefas no porto eram numerosas.
- Fernando, creio que não tenha compreendido exatamente o que essa pequena explanação marítima tenha a ver com o tema proposta na nossa aula de hoje. Que relação terá ela com "amor"? O que você quis dizer?
- Que barcos não amam, professor.
Segundos de reflexão silenciosa na sala.
- Confesso que não alcanço de pronto sua ideia nebulosa, Fernando, mas antes de lhe pedir que nos explique melhor, me ocorre outra dúvida que há tempos guardo: por que "Fada Bailarina Psi"?
- É um anagrama, professor.
- Ah, é?! Mas de quê?
- Pesquisa, professor.
Fernando levanta e sai em silêncio arrogante, balbuciando em ares psicóticos que odiava advogados e funcionários da RBS, causando um indesejado e inconveniente mal-estar entre os presentes na sala, que nada tinham a ver com os motivos de seu atordoamento explícito.
Minutos depois Fernando recebeu um telefonema feminino, e percebeu o quanto era estúpido e paranoico em suas elucubrações.
2 comentários:
Diego.
Acabo de sequestrar a tua crônica. Ficará refém por 48 horas. Se nesse prazo não te manifestares, vou publicá-la no "Nós Aqui", considerando que o teu silêncio implica em autorização e concordância ampla, geral e irrestrita.
Abração do primo que te admira.
Evandro
Rá!
Li antes no Baú e depois vi aqui. Grandes textos cara, grandes!
Abraço!
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