Gritos e berros
de ódio proferidos contra quem se ama.
Situação inimaginável
pra quem está de fora e não entende o que se passa por dentro. Por dentro do
casamento e por dentro de cada um, dentro dos caminhos e medos individuais.
Se não ser
correspondido no amor é uma dor difícil de explicar, projetemos então a dor da
traição imaginada? A dor de ser trocado (na imaginação aconteceu) por outra
pessoa, que não precisa ter rosto pra ser horrível, nem existir para que o ódio
brote.
Como uma tosse
de uma doença macabra as palavras não cessam até satisfeito o locutor, lutador
de um ringue de um lado, saco de pancadas de outro. Cada palavra penetra na
pele e rasga um pouco do carinho que antes cobria a pele de certezas.
E da
turbulência pode nascer morte ou engano, fração de amor ou inimizade. Amor
inteiro ou pela metade? Prova de amor verdadeiro ou posse suposta, o ciúme permeia
o amor como câncer enraizado.
E a cerveja já
não é mais quimioterapia.