sábado, 22 de dezembro de 2007

Estava eu... na ponta da língua

a palavra
pensada
não dita
me afoga


- me sufoca então?



e ainda preciso viver...

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Estava Eu... voando.

Era uma vez um passarinho que se recusava a aprender a voar.
Se era medo dos predadores, do desconhecido ou aversão ao que havia aprendido da vida das aves por observação não se tem muita certeza.
Dizer, por sua vez, de que se tratava apenas de apego exagerado ao quentinho do ninho seria explicação preguiçosa de quem nunca quis saber.

Tanto faz: não quis aprender; não aprendeu. E disso resultaram asas atrofiadas que ao passarinho não causavam mais do que raras tardes de tristeza conformada. Amparava-se, pois, na altura do ninho em relação ao chão, o que possibilitaria com apenas um passo a frente a liberdade de qualquer tormento mais duradouro.

Só que lá pelas tantas o passarinho conheceu uma fêmea que o transformou. Um lindo pássaro. Um pássaro verde. Enamoraram-se. E a fêmea revolucionou seu modo de enxergar a vida. Agora ele queria ser como qualquer pássaro: cantar; buscar comida; construir um ninho só para os dois. Enfim, viver, voar... Mas já não era mais possível. Agora era tarde demais. Como voltar no tempo e aceitar os antigos desafios recusados? Pensava e repens

TUMMMM!

A pedra arremessada acertou em cheio o passarinho, que despencou morto no chão junto com ninho, metáforas e eufemismos enfadonhos, para satisfação do homem com estilingue na mão esquerda, já que ele não tinha nada que ver com os problemas de um passarinho.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Estava eu... epitafiando

Morte aos pedaços

meio sorriso,
poucas lágrimas,
muita dor
- Uma facada no peito dói menos!
Não posso mais contar os números,
fraciono: 1/4
o infinito atrapalha.
Cada dia a mais
um a menos
não vejo o sol,
nem nada
no rádio alguém diz:

"volta pro esgoto baby,
e vê se alguém te quer"