quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Estava eu... fazendo as malas

“Chega!
Acabou!
Não quero mais saber dessa história.
Longe daqui começarei outra vida, vou conhecer novas pessoas.
Talvez até mude de nome: Patrícia, Aline, Samanta, Renata. Renata não, cansei de nomes com a letra "R". Colocar mais um "R" na minha vida é estar assinando meu atestado de óbito.”


Pegou poucas peças de roupas, estava disposta a mudar até o estilo de se vestir, não usaria All Star, não beberia uísque com Coca Cola e jurou aprender a tomar decisões sem ficar esperando pelas atitudes alheias.
No meio da bagunça da sua imensa cama, que seria trocada por um colchão de solteiro, achou uma navalha bem afiada, não exitou e tascou uma navalhada no cabelo, quinze minutos depois estava quase irreconhecível. Mas o sorriso ainda poderia ser reconhecido de longe – não importava a situação, ela sempre ria, e ria muito, principalmente quando estava nervosa.
Pegou um de seus maiores óculos para esconder os olhos, ainda inchados da noite passada, acendeu seu cigarro e pegou a estrada.

No rádio o último rock chorava:
“I've still got your face
Painted on my heart
Scrawled upon my soul
Etched upon my memory, baby”

Ao pegar o celular para jogá-lo janela afora, sentiu ele tremer na sua mão trêmula e fria.
Era ele:

“Tem certeza que tu vai ir embora?”

“Agora eu tenho”

Um telefone voou!
Ela tinha cansado de só ouvir perguntas. Ao ver a chamada já estava disposta a trocar de pista e correr para os braços dele. Mas ao invés de falar para ela voltar, fez a mesma pergunta de sempre.

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Estava eu... ouvindo The Doors...

Ela dirigia a 130 Km/h pela longa estrada sinuosa. As árvores, negras como a noite, debruçavam-se sobre ela, fechando mais e mais seu horizonte já parco. À cada curva a revelação de um curto futuro e da próxima curva. Descia assim a montanha, com as rodas sobre a pele negra da imensa serpente, vagueando de acostamento a acostamento, deixando os rastros, marcas dos seus pneus sobre as escamas. Suas mãos molhadas pelo suor tornavam escorregadias as suas chances de guiar o seu destino, que à essa altura já não fazia mais tanta diferença. O ódio era o único sentimento que seu coração respirava agora, era portanto a esperança um mero capricho que ela não mais alimentava.

No rádio Jim Morrison exprime:
"Ride the snake...he's old, and his skin is cold "

Aquela imagem na sua cabeça, uma tormenta de cólera. Na sua cama, em seu quarto, os corpos nus de dois malditos amantes suavam é riam às suas custas. Reconheceu a blusa da amiga no chão, que ela mesma havia dado de presente no natal. Ele nem se dera o trabalho de tirar a aliança do dedo antes de por as mãos sujas sobre a pele dela. Era como uma brincadeira de mal gosto, como um horrível pesadelo de que não se acorda. Sua vontade era de mata-los, de feri-los e de rir sobre seu sangue. Ela era agora a fúria contida de mais de 30 anos.

Quase alcançando o final da serpente, próxima à auto-estrada, o “guard-rail” não suportou o peso do carro somado à imensa inércia contida em sua velocidade. O carro, ela e todo o seu ódio foram lançados por entre as árvores, intercalando entre céu e terra por 7 vezes, pararam juntos e comprimidos no meio de 2 árvores.

"This is the end... My only friend, the end"

Dois meses depois, ela é capaz de então abrir os olhos e ver que o mundo ainda estava lá, negando o seu pedido de desistência. Ela sorri e lembra que descarregou a pistola da cômoda nos dois, metade em cada um, intercalando cada bala e pedido de socorro. Dá uma gargalhada e desliga sozinha os aparelhos.

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Estava eu... e o McCartney

Há mensagens recebidas em sua caixa de entrada:
Re: oi
Desculpe-me, mas não estou mais interessado neste assunto. Passe bem!


Esse era o maior de todos os medos dela.
Nunca havia escrito uma carta daquelas antes, ou melhor,
nunca teve coragem de mandar para ninguém.
Até porque os outros romances foram platônicos demais.
Jamais quis se envolver com alguém,
não tinha tempo para pensar nessas coisas.
A mais insegura e tímida do círculo de amizades disfarçava muito bem,
mas fazia isso de uma forma cruel com ela mesma:
intimidava as pessoas, principalmente os que despertavam algo a mais nela.
Escreveu uma carta para o único ser que conseguia fazer ela perder o sono.
Ela sabia que era tarde demais,
tudo anunciava:
sua taça de vinho estava acabando e
e o disco do Paul Mccartney havia pulado uma faixa:
Band on the Run
Tomou de uma só vez, com os dois últimos goles de vinho,
duas caixas de Lexotan e deitou-se ao som de Blackbird
Teve medo de uma resposta

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

O Curta

I

Dia e noite, Daniel pensava nos detalhes e recursos que empregaria em seu novo curta-metragem. Não seria, para ele, um curta-metragem como os outros que já havia roteirizado e dirigido. Era, antes disso, uma vingança forjada em forma de ficção; ou uma exorcização, como lhe convinha pensar quando a consciência lhe inquirisse. Mas que inquirir? Já havia um ano que Andréia, sua namorada por 7 anos, havia desfeito o relacionamento.

Os detalhes do dia em que ela desatou o namoro não saíam da cabeça de Daniel. Num sábado chuvoso, em tarde que antecedia um até então programado jantar à noite com outro casal de amigos, Andréia pediu para conversar. "Não quero mais", disse com calma a morena que agora fixava os olhos castanhos nos de Daniel. Não era mais aquele olhar que ele tanto admirava. E o sorriso com o qual ele sempre se encantava nem presente estava. Davam lugar a um olhar e uma expressão em que Andréia transparecia certo pesar ao ter que dizer aquilo. O cuidado ao escolher as palavras, porém, trazia consigo a confirmação de que ela estava certa do que queria. Como nas outras vezes, Daniel esboçou certa argumentação, mas logo cessou e paralisado ficou quando percebeu finalmente que Andréia estava, desta vez, decidida. A partir daí nem o jeito respeitoso e até carinhoso com que ela explicava sua decisão, enumerando as brigas, os gênios díspares demais, o desaparecimento do amor dos primeiros dias, nada era captado com atenção por Daniel. Restou a incompreensão, que atravessou os dias seguintes àquele sábado e logo virou tristeza, para logo se transformar em rancor, que logo teria que ser dissipado. Decidiu, Daniel, fazê-lo em sua arte.

Um ano depois novas idéias não cessavam de aparecer para o roteiro do curta, já tido como pronto mas aberto à alguma alteração enquanto as filmagens de fato não começassem. O curta não teria um grande orçamento, nem era plano de Daniel fazer um superprodução. Os recursos financeiros já tinham sido captados e o relativo sucesso de seu nome no meio cinematográfico facilitavam as coisas. Apesar disso, o roteiro escrito trazia muito mais um significado pessoal ao ex-casal do que traria complexidade e originalidade de enredo aos olhos do público. Desta vez, contudo, Daniel não se preocupava em como agradar e surpreender crítica e bilheteria. O alvo era outro. E não poderia faltar uma vírgula que fosse capaz de atingir, ao menos na ficção, o seu alvo. Como na cena do reencontro entre Andréia e Matheus, esse último o nome dado à personagem baseada em Daniel. As cenas finais, pensadas e repensadas:



II

CENA 19 - CASA DE MATHEUS - INT/DIA
Escuta-se alguém tocar a campainha. Matheus abre a porta e vê Andréia, a olhando por alguns segundos. Ainda à porta ela interrompe o silêncio:


ANDRÉIA: Preciso conversar contigo.

Matheus a faz entrar mas não diz nada. Vai à cafeteira e oferece uma xícara à Andréia que nega
abanando a cabeça.

ANDRÉIA: Por favor, é muito importante, Matheus.

Matheus abre o armário, pega uma xícara e mantém a expressão de indiferença no rosto inalterada.

MATHEUS: Vai falando...

ANDRÉIA: Olha, eu sei que eu errei... Não sei onde eu tava com a cabeça... Por favor! Olha aqui! (levanta e tenta entrar no campo de visão de Matheus, que ainda estava de costas, pegando uma colher na gaveta) Matheus, eu me precipitei em acabar o nosso namoro... Meus dias têm sido um inferno, tu não retorna minhas ligações... Tô há dias querendo falar contigo e tu me ignora... Eu tô... Eu tô passando por cima do meu orgulho, droga!, vindo aqui, me humilhando... Tu quer que eu implore, eu imploro. Tu quer que eu rasteje? Matheus, me escuta!

Matheus segura a colher na mão direita, que por sua vez é segurada por Andréia. Nesse momento ele a olha nos olhos, ainda sério. Andréia começa a chorar.

ANDRÉIA: Matheus, por favor, fala alguma coisa. Olha! Vamos esquecer tudo. A gente se gostava tanto! Todo casal tem seus problemas... Volta pra mim. Eu errei! Não devia ter acabado o namoro! Entendo que tu tenha ficado magoado... Mas eu chorei tanto naquela noite por já não ter tanta certeza de mais nada... Me precipitei, Matheus. Por favor, Matheus... Eu te amo tanto. (pausa) Fala alguma coisa, Matheus...

Matheus não demonstra comoção alguma. Ainda olhando Andréia nos olhos.

MATHEUS: Andréia: não!

Matheus dá as costas à Andréia e leva a xícara e a colher à mesa onde já está o pote de açúcar.

MATHEUS: E, Andréia, pode levar meu guarda-chuva. Te dou de presente, não precisa vir devolver. Tá chovendo muito.

Câmera sobre a mesa. Em primeiro plano mostra, apenas, a xícara de café à esquerda e o braço esquerdo de Matheus. Ao fundo, desfocada, a porta.
Andréia vai até à porta, chorando.
DESFOCAR: O foco muda para a porta.
Andréia pára por dois segundos antes de abrir a porta, mas não se vira para olhar Matheus. Abre a porta e sai.
A câmera volta a focar a mesa. Matheus coloca o açúcar no café, mexe com a colher. Leva a xícara à boca.

CENA 20 - FRENTE DA CASA DE MATHEUS. EXT/DIA

Chove forte.
Fotografia em preto e branco. Pouca iluminação.
Posição da câmera imóvel durante toda a cena. Mostra a parte inferior da escadaria, de frente. Andréia desce, e seu corpo vai sendo revelado conforme percorre os degraus.
Pára, em pé, por um instante. Câmera alcança do primeiro degrau a pouco abaixo de sua cintura.
Subitamente, Andréia senta sobre o último degrau, chorando. Câmera agora alcança Andréia por inteiro.

Neste momento entra a trilha: "As Flores do Mal", Legião Urbana. A partir do trecho:

Tua indecência não serve mais
Tão decadente e tanto faz
Quais são as regras? O que ficou?
O seu cinismo, essa sedução
Volta pro esgoto, baby
Vê se alguém lhe quer...

O que ficou é esse modelito da estação passada
Extorsão e drogas demais
Todos já sabem o que você faz
Teu perfume barato, teus truques banais
Você acabou ficando pra trás

Neste trecho: Zoom até fechar no rosto de Andréia, chorando compulsivamente. Maquiagem negra borrada.

Porque mentir é fácil demais
Mentir é fácil demais
Mentir é fácil demais
Mentir é fácil demais
Volta pro esgoto, baby
e vê se alguém lhe quer

FADE OUT ao fim da letra da música.

CRÉDITOS (enquanto o restante do arranjo é executado.)

FIM

(À PRODUTORA: Em caso de dificuldades com direitos autorais para a trilha final, tentar "O Mundo É Um Moinho" de Cartola.)


III

A tarefa de escolher o elenco para o curta apoiaria-se nos mesmos métodos de produções anteriores: a descrição do perfil desejado seria enviada à agência, que por sua vez indicaria atores para um pequeno teste de uma das cenas do roteiro, sob o olhar da equipe de produção e tendo como decisão final a escolha do diretor. Para o papel de Andréia, porém, Daniel decidiu escolher quem ele gostaria que viesse ao escritório de sua produtora para uma entrevista observando um catálogo de atrizes enviado pela agência. Eram fichas com um resumo de experiências profissionais anteriores e um pequeno álbum, três ou quatro fotos, com poses ou registros de atuações. Escolhidas 19 moças, Daniel solicitou que fosse enviada a cada uma delas uma cópia do roteiro do curta na íntegra, e que fossem agendadas a partir da semana seguinte as entrevistas, duas ou três por dia. "É necessário que as atrizes tenham todas as cenas ensaiadas para o teste", observou Daniel no ofício enviado à agência.

Passada uma semana de uma escolha baseada em fotos e rasos perfis era hora de Daniel conhecer ao vivo as aspirantes ao papel de Andréia. Quatro das dezenove moças não confirmaram a entrevista, talvez pelo pouco tempo para ensaiar o texto de uma protagonista (ou antagonista, na cabeça de André), ou quem sabe por estranharem tal exigência. O fato é que seriam agora cinco dias para que Daniel pudesse, em cada um, analisar 3 atrizes. E se deu assim, na bagunça organizada de seu escritório, sem qualquer tipo de registro audiovisual que não o de seu testemunho e observação, que uma a uma foram as atrizes interpretando as cenas pedidas e moldando na face as expressões solicitadas. Daniel prestava atenção em cada detalhe.

"Muito obrigado, qualquer coisa minha produção entra em contato com você, ok?", aperto de mãos respeitoso, e lá se ia o terceiro dia sem que Daniel se satisfizesse com nenhuma das concorrentes. Não que não houvessem boas atrizes. Se para algumas faltava experiência, um talento natural e a desenvoltura para um tipo de teste com potencial tão intimidatório compensavam. Também não era o caso de que fossem de um perfil totalmente adverso ao de Andréia: três delas tinham um rosto muito parecido, inclusive, confirmando o entusiasmo do diretor na hora da escolha entre as fotos no catálogo. Mas faltava alguma coisa. Daniel queria alguém em quem pudesse enxergar a antiga namorada e a este quesito dava mais importância do que à qualidades artísticas ou físicas. Já pensando em abandonar tais exigências e escolher a nova atriz apenas por critérios técnicos, chegava para ele o quinto dia das entrevistas.


IV

Dez horas, manhã de uma quinta-feira, e os olhos de Daniel fitavam a ficha que repousava sobre a mesa com o resumo de uma incipiente carreira. Seria a primeira das três calouras do dia. Era o horário marcado: Daniel pediu à secretária que mandasse a atriz entrar. A moça de cabelos castanhos entrou no escritório com a simpatia de um sorriso familiar e cumprimentou o diretor. Chamava-se Érica e tinha 24 anos, dois a menos que Andréia, mas com o tipo físico semelhante ao desta. Daniel não deixou de reparar a coincidência mas queria saber mais: explicou então em que consistia o teste e quais cenas gostaria de ver interpretadas. Sentada na cadeira do outro lado da mesa, Érica sorriu e com voz mansa pediu que começassem pela cena 3.

- Cena 3? Bom, deixe-me relembrar o texto...

E Daniel folheou o roteiro. A cena consistia em um curto diálogo entre Andréia e Matheus que culminava em uma relação sexual, ainda antes do fim do namoro dos dois.

- Como queira. Há pouco texto neste trecho, mas podes começar por ele e depois fazer as cenas que te pedi.

- Mas não só o texto. Vamos encenar... É uma cena de sexo, não?

Paralelamente sedutores: o mesmo sorriso de antes, que intrigara e encantara Daniel e a aproximação da moça à cadeira onde ele estava.

- Sim, mas não é necessário... É um curta, a cena será rápida e se dará sob sombras. Nudez alguma será mostrada... Poderemos usar até uma dublê de corpo, caso deseje...

- Mas há uma cena de sexo, não?

Mais dois passos de Érica, que agora encontrava-se parada, em pé, logo à frente de Daniel.

- Sim...

- Preciso te convencer que sou a atriz certa pra esse papel...

Entre a incompreensão da atitude inesperada da atriz e a admiração daquele sorriso familiar Daniel pendeu mais para o segundo. Era o sorriso de Andréia - o exato sorriso de Andréia. Agora ele compreendia aquela sensação de reconhecimento. Era como se aqueles lábios e aquela feição fossem mesmo os da ex-namorada, e por algum motivo estivessem na sua frente novamente, depois de tanto tempo, no rosto de Érica. Pouco balbuciou em oposição quando ela desabotoou a blusa revelando os seios. Em pouco tempo já não faria mais qualquer gesto de objeção. Daniel sentia-se como embriagado. A realidade fugia-lhe pouco a pouco, submersa na associação cada vez mais forte à antiga namorada e nas lembranças que vieram lhe visitar. Inebriado, pouco notou do que se precedeu quando Érica já estava ajoelhada, à sua frente, com a cabeça entre suas pernas, lhe envolvendo o membro com sua boca e língua, ensaiando gemidos, pondo em prática muito mais do que a cena descrita no roteiro previa insinuar. Em seu delírio, contudo, Daniel enxergava apenas Andréia. Ela estava ali, com o mesmo sorriso, com o mesmo olhar, com o mesmo sexo. Era capaz de perceber o cheiro da ex-namorada, de sentir a mesma textura de pele ao tocá-la. E essa analogia se devia muito mais à loucura do momento que real correspondência entre os modos das duas mulheres. Érica, inclusive, ouviu em algumas oportunidades Daniel sussurrando o nome de Andréia. Acatando como fantasia, ela se levantou e o puxou pelas mãos. Deu-lhe um beijo demorado, que só serviu para mergulhá-lo ainda mais na ilusão na qual se encontrava. Érica, então, tirou de seu corpo o que ainda restava de roupas: uma saia preta e uma calcinha branca. Reclinou seu tronco para frente, apoiou seus braços sobre a cadeira na qual Daniel estava e afastou as pernas. Olhou para trás, mirando Daniel:

- Vem possuir a tua Andréia...

Daniel continuou sem reconhecer ninguém senão a real Andréia. "Que saudades de ti", pensou consigo, enquanto a alisava na pele macia e clara das coxas, num prelúdio antes de penetrar entre as pernas de Érica. Suaram-se os corpos, elevaram-se os gemidos. Em algum tempo, segurando os cabelos dela, os batimentos cardíacos de Daniel se tornaram mais freqüentes. Tremores pelo corpo acompanharam o aumento do prazer, a respiração passou a ser ainda mais ofegante e o gozo retido foi finalmente dissipado. O relaxamento que se seguiu o deixou paralisado por alguns segundos, e à medida em que buscava um equilíbrio para seu espírito a realidade vinha-lhe sendo descortinada pouco a pouco... Seus músculos foram relaxando, ao momento em que mirou nos olhos de Érica. Ela sorriu, mordeu os lábios de satisfeita e se dirigiu às suas roupas. Daniel finalmente se dava conta, sob um clima de ressaca e revelação, do que realmente havia acontecido.

Com pressa, Daniel vestiu suas roupas e pegou as chaves do carro. Deixou Érica na sala e saiu correndo em direção a seu automóvel. Saiu em disparada: iria procurar Andréia. Teria que falar com ela de qualquer maneira e pediria que reatassem o namoro. Não haveria mais vingança alguma, filme algum, que bobagem! Mudaria seu comportamento com ela. Seria mais atencioso, o que ela pedisse! Pelo seu perdão por qualquer coisa que tivesse feito, imploraria! Rastejaria para tê-la de volta. Se preciso fosse, se humilharia sobre e sob os pés dela...

Ainda no escritório, Érica guardava na bolsa o resto da cartela de camisinhas, sorria e pensava satisfeita no papel de destaque que finalmente conseguira conquistar.

domingo, 5 de agosto de 2007

Estava eu 'em busca do equilíbrio e da serenidade'....


...quando olhei a foto desta vaca. E foi assim: preciso ser como a vaca. A comer sem mastigar, depois regurgitar o alimento, degustando por horas. Eu, ao contrário, vomito, não regurgito; monstro humano não sabe fazer direito, não sabe engolir. Viver tranqüilamente na vacaria, sem essa de querer viajar pra longe, pôr mochila nas costas e coisas que humano gosta de inventar. Só sai pra passear se o tempo estiver bom, pra fazer algum tipo de exercício, ver o pasto. A vaca vive pro seu bezerro, pro humano também. Aceita o subterfúgio de ser vaca. Por ser animal tão solícito e sereno, na Índia, a vaca é sagrada (aliás, procurei e não achei uma razão convincente para o fato, algo que enriqueceria culturalmente este texto). Os Hindus, um povo sereno, que vive numa sociedade de castas, aceitando a origem, deixa a vaca passear na feira, comer fruta, cagar no meio da rua.

E eu aqui, sofrendo por questionar, miro mais uma vez a vaca. Tirei essa foto em Nova Trento, ou melhor, no interior de NT. Um lugar que me traz tranqüilidade, eqüilíbrio, a serenidade que eu preciso agora. Hoje, na frente do excitante computador, eu me espelhonaquela vaca que fez pose pra mim na foto. Serena. Eqüilibrada. Me dizendo "Ana, é assim. Aceita."

Pois é...Preciso engolir e regurgitar mais, chega de vômitos...

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Troféu Procura do Mês - TPM

E o Troféu Procura do Mês, o TPM, (juro que saiu sem querer) desse mês é.....:

"como vomitar?", procurado por um lisboeta, considerando possíveis distorções que um proxy ou estas coisas das quais não entendo podem trazer.

Aqui.

Torço, sinceramente, que o cidadão (ou cidadã, vai que é uma anoréxica...) tenha conseguido expulsar os demônios.

Menções honrosas ao não identificado curioso que chegou por nosso blog ao questionar "porque se vomita a bilis". E uma dica ao cidadão líbio: tente o www.pornotube.com.