quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Estava eu... fazendo as malas

“Chega!
Acabou!
Não quero mais saber dessa história.
Longe daqui começarei outra vida, vou conhecer novas pessoas.
Talvez até mude de nome: Patrícia, Aline, Samanta, Renata. Renata não, cansei de nomes com a letra "R". Colocar mais um "R" na minha vida é estar assinando meu atestado de óbito.”


Pegou poucas peças de roupas, estava disposta a mudar até o estilo de se vestir, não usaria All Star, não beberia uísque com Coca Cola e jurou aprender a tomar decisões sem ficar esperando pelas atitudes alheias.
No meio da bagunça da sua imensa cama, que seria trocada por um colchão de solteiro, achou uma navalha bem afiada, não exitou e tascou uma navalhada no cabelo, quinze minutos depois estava quase irreconhecível. Mas o sorriso ainda poderia ser reconhecido de longe – não importava a situação, ela sempre ria, e ria muito, principalmente quando estava nervosa.
Pegou um de seus maiores óculos para esconder os olhos, ainda inchados da noite passada, acendeu seu cigarro e pegou a estrada.

No rádio o último rock chorava:
“I've still got your face
Painted on my heart
Scrawled upon my soul
Etched upon my memory, baby”

Ao pegar o celular para jogá-lo janela afora, sentiu ele tremer na sua mão trêmula e fria.
Era ele:

“Tem certeza que tu vai ir embora?”

“Agora eu tenho”

Um telefone voou!
Ela tinha cansado de só ouvir perguntas. Ao ver a chamada já estava disposta a trocar de pista e correr para os braços dele. Mas ao invés de falar para ela voltar, fez a mesma pergunta de sempre.

4 comentários:

Anônimo disse...

Ótimo!
O texto e atitude da moça, aliás. hehe

Muito bom!
bjão!

Ana Paula Cecato disse...

tudo que essa guria toca vira ouro!

beijos

Ana Paula Cecato disse...

tudo que essa guria toca vira ouro!

beijos

Anônimo disse...

Um texto muito legal, é incrível o que um R pode fazer na nossa vida hahahaah. Sei beeeeeeeeeeeem do que to falando. Do mesmo jeito do que o que um A pode fazer também. ou um K. 85% das mulheres que mudaram a minha vida tinham (ou tem) nomes que começam com essas letras. O poder que nos dá o fato de reconhecermos um numero de tefone que liga para o nosso e assim escolhermos se a ligação vai ser atendida ou não é muito grande e muito forte. Jogar tudo para cima, do nada, sem poder explicar porque pelo menos duas ou três vezes na vida eu já fiz, como diria um poeta, já vi o fim do mundo algumas vezes, no dia seguinte tava tudo bem.