sábado, 16 de junho de 2012

...navegando na memória.

Uma bicicleta vermelha e risadas espásmicas no decorrer do caminho. Lembro vivamente dessa cena da minha infância, na casa da minha tia Sirley. Minhas primas tinham um pátio invejável para brincar. Para os padrões de especulação imobiliária atual, seria como um sítio, que devia ter cerca de 20 metros de frente e com certeza uns 50 metros de comprimento. Era quase metade de uma quadra do bairro onde eu morava. Se não me falha a memória, o terreno ainda se alargava mais ao fundo. Tinha árvores frutíferas entre as duas casas principais, quase no meio do terreno. Pinheiros na frente e diversos arbustos com taturanas venenosas. Tínhamos medo, mas sempre procurávamos as assassinas taturanas verdes, durante as longas tardes livres de sol. A taquareira ao fundo fazia a divisa do terreno, e não me lembro o que tinha depois. Tinha um medo horrível daquele pedaço do pátio.

Uma interminável perspectiva da entrada de carros, com seus trilhos de concreto paralelos, iam da entrada do portão grande até a garagem quase 30 metros ao fundo. Eram estradas, ciclovias de energia inesgotável para pedalar tardes inteiras. Dentro da tal garagem, além do carro, meu tio tinha uma infinidade de ferramentas em prateleiras empoeiradas e cheias de aranhas. Adorava mexer naquele amontoado de mistério e engenharia, com direito a aula de zoologia pré-histórica.

Entre o fundo do pátio e a casa principal, havia balanços, escorregador, areia, gira-gira e gangorra. E como se não bastasse tudo isso, ainda havia toda a nossa imaginação para explorar. Uma infinidade de possibilidades, permitidas só para quem tem entre 7 e 12 anos, e um bocado de ócio para inventar. Ao final do dia, era difícil imaginar onde nos sujávamos tanto de graxa, barro, ferrugem e até bosta de vaca.

Não nos dávamos por conta de quão especial eram aqueles momentos. Vivi até hoje, nos meus 32 anos para perceber, que jamais voltaremos lá senão em nossas memórias. As pessoas que por lá nos acompanharam, as que ainda não faleceram, dirão que não lembram de tudo exatamente assim. Não com as cores que lembro. Não com a saudade que tenho. Nem com o juízo que faço. Naqueles dias, vivemos a plenitude da felicidade, sem sequer saber o que estávamos fazendo.

Para Verônica, Renata e Fernanda.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Estava eu...


Mas não mais.

(qq coisa >>>)