domingo, 4 de dezembro de 2011
#1 (v. 2011)
Tento, mas é só respeito
A quem deixou que o Destino
Movesse as peças desse jeito.
Face pintada em tom de adeus:
Bilhete escrito; (mas) encontro o Amor.
Ao que do caos surge um sentido.
Nada mais busco ao que me opor.
sexta-feira, 18 de novembro de 2011
...treinando cantadas
Na última passada pela construção, não ouvi nada
Dei aquela “ajeitadinha” na saia, diminuí o passo e
nada.
Nem uma marteladinha.
Geralmente ecoaria um “-ê, lá em casa”, do andar de baixo
Um “te jogo na parede e te chamo de massa corrida” lá do terceiro andar.
Hoje não.
“Seis pães e uma Coca?” balbuceou o padeiro lindo.
Era tão lindo, que eu tinha certeza que a profissão dele vinha de família.
Eu comprava sempre naquela padaria.
Não por causa do pão do padeiro...
nem do padeiro pão.
Mas porque era caminho da obra.
A obra que durara 11 meses havia sido concluída, pra minha tristeza.
Não era pra inflar o ego, nem pra levantar a moral, que eu havia passado por ali todos os dias.
Era pela diversão, pela gargalhada garantida até nos meus piores dias.
“Pelo menos a padaria não fechou.”
Mas, ainda assim, prefiro uma tijolada na cabeça rindo,
que um croissant sem sal.
sexta-feira, 12 de agosto de 2011
...acordada
quinta-feira, 5 de maio de 2011
...despertando
Tenho acordado em suspiros,
num imenso mar de romantismo.
Coração acelerado de euforia,
cheio de alegria e carinho,
Distante de tudo e todos.
Menos deste amor platônico por mim mesmo.
segunda-feira, 2 de maio de 2011
...despedida
quinta-feira, 28 de abril de 2011
...com os olhos semicerrados
Com a mente quase morta
E que surge um novo eu
De natureza cerne torta
Um bocejo é um escrito
E do devaneio pleno
Surge sempre o infinito
De palavras num terreno
Ao caminhar na relva
Deste mundo lactante
Encontro à mim na selva
Um ser impressionante
De fúria e atitude forte
Diferente do meu natural
Que só, conta com a sorte
Sem espinhos, água e sal.
terça-feira, 12 de abril de 2011
...alimentando vagalumes
sexta-feira, 8 de abril de 2011
...lembrando do dia que peguei carona com um estranho.
Fiquei o caminho inteiro a contemplar
Sem palavras, tormei-me toda ouvidos
Na verdade virei ouvidos e suspiros
Mas naquela ânsia de toda juventude
Não acostumei com aquela serenidade
Deveria. Antes de ter perdido aquela carona
Bem no meio da estrada.
Paguei ingresso pra viajar num barco furado
Sem saber nadar, joguei-me ao mar.
E como um cachorro perdido na enchente
Nadei. Ah, como nadei contra aquela correnteza.
Em solo firme cheguei, onde não chovia há um mês,
Mas não desisti de ter flores no jardim
Plantei. Mas naquela terra dura e seca
Jamais conseguiria criar raiz.
Olhei pra cima e mesmo sem ser alada, voei
Entre nuvens de algodão-doce e gelo
A toda velocidade, invadi a selva de pedra
Matando um leão por dia a dentadas, cresci.
Como a juventude, aquela ânsia, saciei.
Se antes, eu era toda ouvidos, hoje estou meio surda
O bocejo anda querendo habitar a casa do suspiro.
E hoje, só me falta a serenidade que encontrei naquela carona que perdi.
Pra ler ouvindo: Vermelho - Marcelo Camelo
terça-feira, 22 de março de 2011
...duplando os sentidos
terça-feira, 15 de março de 2011
...no sedentarismo pacífico
Eram as pernas mais bonitas e torneadas
trabalhadas com muito choro
por um sobe-desce nos noites de briga
na Rua da escadaria
...jantando em família
- Por qual motivo?
- Isso é bom pra tua profissão, não pras relações interpessoais.
- Ah isso depende muito da profissão.
- Sim, mas quase todas precisam.
- Puta não.
[silêncio na sala de jantar]