terça-feira, 17 de julho de 2007

Estava eu... eu estava?

Não aprecio quando o tomate trás o gosto da melancia.
Vem cá! De que adianta se a água morna e a C não evitam o corpo quente e o espírito frio?
Que dor destes segundos. Que dor de não ser primeiro em minha própria vida.

O embrulho, o desconforto: cobrança.

O viscoso da noite fede de dia.
Só assim pra aprender.

Todos têm as suas drogas
Todos têm as suas drogas

Todos têm as suas drogas!

Alguém dono pleno de si mesmo? Quem?

domingo, 8 de julho de 2007

Estava eu... Sobre escrever e vomitar


Escrevo para vomitar. O ritual da escrita é o mesmo do vômito: começa com a ânsia, o desejo - isso é incômodo, é revoltante - ; aí vem o ensaio do vomitar, o rascunho do escrever; vai o deslanche – texto e vômito se materializam. Instantes depois, vem o nojo. Nojo de olhar aquilo tudo; nojo porque tu vai passar por aquilo de novo, nojo porque aqueles que assistiram às tuas linhas e aos teus restos, vão falar mal de ti no dia seguinte. Não me importo: o que eu sinto é alívio. Alívio de não ter me calado, de não ter engolido o que não digeri. Até pouco tempo, eu tinha vergonha de vomitar palavras: hoje eu quero lavar a tua vida com elas. Vomitar até a bile, como quem toma um porre de barriga vazia.
Escrever não é fácil, assim como vomitar. Precisa da vontade, precisa ter comido algo estragado antes. Por isso que na escola a gente sofre para fazer redação. Nem professor escreve, muitas vezes! A gente não é preparado, não lê. Só se vomita porque o corpo se preparou para aquele ritual. E para a escrita, estamos preparados? Por favor, dispenso as fórmulas “introdução, um argumento, entretanto, enfim”.
Quem escreve, expulsa a idéia. Quem vomita, expulsa a comida. Que elas doem, dizem os masoquistas que se fartam de porcarias e palavras.

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Romances ideais e rituais de conquista já não figuram mais entre as 7 maravilhas sentimentais. O ganhar ou perder está muito mais fácil e direto. Entretanto, ocorre eventualmente um acidente de percurso que faz o coração bater mais forte, e é exatamente essa a hora de reinventar a velha fórmula , utilizada pelo avô e avó.
Foi exatamente assim que Ricardo fez ao conhecer Andréa. Sondou o terreno, descobriu do que ela gostava, quem eram seus amigos e tratou de se aproximar. A diferença de idade não foi obstáculo para convida-la diversas vezes para sair, tomar um vinho e escutar The Beatles. Apesar de terem gostos muito parecidos - os dois cursavam história, ouviam as mesmas músicas e tinham vários amigos em comum - pouco haviam se falado pessoalmente.
Ricardo era insistente, e com ajuda das palavras bonitas, dos acordes do seu violão e das frases de menino pidão: " - Uma mulher como você jamais aceitará sair com um roqueirinho como eu." Conseguiu convencer Andréa à jantar naquela noite fria: o prato delicioso de canja estava apimentado, a canja musical estava repleta de Beatles, e o vinho - esse fez os dois esquecerem de muita coisa, e resolver sair dali. Incentivados pela canja, apimentaram a noite e acompanhados pelo vinho, Lennon e Mc Cartney, dormiram.
Toca o telefone no meio da noite, Ricardo, assustado, atende meio dormindo, conversa e volta para a cama. Observa que tem algo errado: Tudo não tinha passado de um sonho.