quinta-feira, 3 de maio de 2007
Estava eu... remoendo um amor antigo.
Ri-se satanás, às custas de minha ignorância
Por entre os dentes eu sussurro seu nome
Minhas mãos ao trabalho não dão importância
Somente as letras e o texto me consome
Em que diabo de vida eu fui me apanhar?
Ao léu meu peito se abre e se fere todo dia
Eu conheci o amor, então eu pude amar?
Como o amargo fel da dor me contraria!
Te esperei por dias, meses, por muitos anos
Eu quis estar contigo, em outros planos
Mas a espera me tornou vazio e sem destino
Sozinho agora, somente vivo em desatino
Cuidando das feridas que na alma me aparecem
Todo dia, com ungüentos de carinho e de saudade
Eu esbravejo, dia ou outro, aos que padecem
De mesmo enfermo, para que sumam da cidade
De queixo duro e de testa franzida de dor
Olho adiante como último recurso a não tropeçar
De que me adianta ter ainda um pouco amor
Se não me chamaste nem um dia para dançar
Minha mente se alicia ao meu coração
E me deixa sem ninguém para contar
Que um dia era feliz por ter noção
Que a cabeça foi feita para pensar
Pequeno brilho bem adiante eu pude ver
Quando achei em mim um pequeno fragmento
Não era você, nem mesmo eu podia ser
Talvez seja da paixão um último testamento
Carta de amor, que escondida era silêncio
Me enche os ouvidos e os pulmões de ressaca
Tu não sumiste sem deixar o teu fino traço
Fincado ao meu peito, como uma estaca
A despedida foi simples e o motivo foi banal
Eu devia saber mas ceguei-me de puro mimo
Envolvida agora em conjuntura carnal
Com meus poemas e minha ausência eu não animo
Amassada agora à um canto segue silenciosa
A missiva falante agora cala seu cio letrado
Minha boca que seguia um tanto temerosa
Sucumbe ao gole seco do fermentado
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4 comentários:
Estreando o mês de maio, temeroso de estar cometendo um texto. o uma poesia. Ou qualquer coisa.
Bah, cara! Muito legal!
E usando uma das ótimas expressões do poema, o "cio letrado" também se sacia de diversas maneiras (eu ouvi "posições"? huahau). Prosa, poesia, texto, missiva, frase de canto, grito, carta, conto, artigo, romance de 30.000 caracteres...
Saciem o "cio letrado" sempre! (Aqui, em público! hehe)
Parabéns, cara! Muito tri!
Muito legal MESMO! Bom, eu quase tenho certeza que é uma poesia isso aí, hein! Huahauahaua...
Beijo apressado!
nossa!!! ainda não tinha visto o poeta que mora ai dentro de vc! simplismente adorei. quem sabe um dia vc não recita ao vivo pra mim?!
parabéns!
bju
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