domingo, 22 de abril de 2007

Estava eu... no dia 22 de abril

22/04: Dia da Terra e Descobrimento do Brasil.

Ao primeiro ver, pode-se pensar em duas datas geográficas. Assim que o 'second thought' chega, tu pensas em duas datas políticas, sociais, ecológicas e totalmente-a-ver com a nossa existência. Tem um monte de amigo meu que diz: "Bah, tu sonha demais. Parece a guriazinha do 'vamos salvar o mundo das cáries'. " Pois é, admito que eu vejo luzes no fundo do poço e acredito que é lá que o mundo, o Brasil, a Cachoeirinha, a Paula se encontram. Estar no fundo do poço, por mais claustrofóbico que pareça, é um lugar bom, porque é no escuro que a gente se desespera e procura a solução mais ágil e prática. O problema provoca, faz a gente vencer a inércia mental e a acomodação do corpo. A coisa complica quando se desperta já quando é noite e tarde demais. Aí entra uma coisa que, ultimamente, eu ando matutando e treinando muito: o olhar. Como eu percebo as atitudes das pessoas, as minhas, das instituições, do Poderes, da mídia, da natureza. O olhar frente às atitudes, em tudo que acontece. Ano passado eu assisti a uma conferência da Copesul "Metamorfoses da Cultura Contemporânea" e o filósofo Gianni Vattimo disse assim "o ser não é, ele acontece" e ele exemplificava com a pergunta "o que tu és?" cuja resposta sempre vem "ah, eu sou engenheiro, estudante, dona-de-casa, atleta...". Enfim, nós somos o que fazemos, indo além do estático "ser". Outra coisa que eu sempre relaciono é com a expressão "atores sociais" que a gente ouve muito falar, que nada mais são as faces, os papéis que desempenhamos na sociedade. A Ana Paula que toma cerveja com os amigos na sexta-feira é diferente daquela que é presidente do Clube Literário, por exemplo.
Mas o que tudo isso tem a ver com o 22 de abril? Muita coisa. No hoje que vivemos, o olhar deve ser desconfiado, crítico, questionador. E claro, seguido de uma prática diária de cidadania. Não tô falando de coisas exorbitantes, algo como largar tudo e todos, mas de uma prática consciente e constante. Isso me lembra o meu pai contando de como era o centro de Porto Alegre nos anos setenta, da poesia daquele lugar, dos cheiros agradáveis, dos prédios históricos... Hoje, o que eu vejo? Um centro cinza, cheiros insuportáveis, pessoas apressadas... Eu nunca vou ver o centro do jeito que meu pai viu. Sabe por quê? Por causa de um crescimento desordenado, não-consciente... O que eu planto hoje, eu colho amanhã. Ou não, pode levar anos ainda e eu nem ver, mas os Cecatinhos vão.
Finalizando o pano da manga, o olhar atento seguido da práxis cotidiana, é o maior desafio da nossa geração. Isso não é fácil. Tem que ler muito, aventurar-se, errar e voltar, até mudar o foco das nossas lentes. E isso é a questão política, ideológica, social, ecológica que esta data nos apresenta. Isso é ser, ou melhor, acontecer.

4 comentários:

Ana Paula Cecato disse...

Eu tenho pavor de escrever artigo, mas o que me move sempre é o desejo de vomitar opiniões.... BEIJOS

Anônimo disse...

Artigos são necessários.
Tanto os definidos quanto os definitivos. (Embora isso não seja uma condição fundamental...)

Sobre o texto: aconteçamos!
Ou tentemos...

Arlise disse...

O olhar...
Diferente pra cada um...

Eu, por exemplo amo o Centro de Porto Alegre.


É uma questão de ajustar o foco.

" A beleza está nos olhos de quem vê, nos olhos de quem chora"

Pywa disse...

Eu ando tão vazio de palavras, que nem vomito mais. Nem poesia, nem artigo e nem nada.

Acontecer é uma coisa que se faz todo dia.